Da
vez primeira em que me assassinaram
Mario
Quintana
Da
vez primeira em que me assassinaram
Perdi
um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois,
de cada vez que me mataram,
Foram
levando qualquer coisa minha…
E
hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O
mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde
um toco de vela, amarelada…
Como
o único bem que me ficou!
Vinde,
corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah!
Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém
há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves
da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que
a luz, trêmula e triste como um ai,
A
luz do morto não se apaga nunca!”
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