sábado, 9 de julho de 2016

Soneto da Separação - Vinícius de Morais

Soneto da Separação
Vinícius de Morais

De repente, do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma,
E das bocas unidas fez-se a espuma,
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente, da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o pressentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante,
E de sozinho o que se fez contente,

Fez-se do amigo próximo o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente, não mais que de repente.

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