terça-feira, 5 de julho de 2016

Estranhas Lágrimas - Félix Pacheco

Estranhas Lágrimas
Félix Pacheco

Lágrimas... Noutras épocas verti-as.
Não tinha o olhar enxuto, como agora,
- Alma, dizia então comigo, chora,
Que o pranto diminui as agonias.

Ah! Quantas vezes pelas faces frias,
Por mal do meu amor, que se ia embora,
Gota a gota, rolando, elas outrora,
Marcaram noites e marcaram dias!

Vinham do oceano da alma, imenso e fundo,
Ondas de angústia, em suspiroso arranco,
Numa desesperança acerba e louca.

Nos olhos, hoje, as lágrimas estanco,
Mas rolam todas, sem que as veja o mundo,
Sob a forma de risos, pela boca.

2 comentários:

  1. Como já procurei por esta poesia, uma das mais lindas que eu já conheci.
    Estou bastante idosa mas não me esqueço das poesias maravilhosas que encontrava nas antologias do meu tempo escolar.
    Não consigo encontrar poesia nas poesias de agora

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