Triste
encanto das tardes borralheiras
que
enchem de cinza o coração da gente...
A
tarde lembra um passarinho doente
a
pipilar os pingos das goteiras...
A
tarde pobre fica horas inteiras
a
espiar pela vidraça, tristemente,
o
crepitar das brasas nas lareiras...
Meu
Deus! o frio que a pobrezinha sente!...
Por
que é que esses arcanjos neurastênicos
só
usam névoa em seus efeitos cênicos,
nenhum
azul para te distraíres?...
Ah!
se eu pudesse, tardezinha pobre,
eu
pintava trezentos arco-íris
neste
tristonho céu que nos encobre...
Mário Quintana
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