A
um Pintassilgo
Belmiro
Braga
Por
que vens tu cantar, ó passarinho,
Por
entre as folhas úmidas de orvalho,
No
flóreo jasmineiro meu vizinho
E
mesmo em frente à mesa onde eu trabalho?
Por
que não vais vigiar teu fofo ninho
(Não
te zangues comigo, eu não te ralho)
A
baloiçar à margem do caminho,
Qual
rosa escura num recurvo galho?
Tu
tens em que cuidar; por isso, voa
E
deixa-me sozinho... Esse teu canto,
Embora
sendo alegre, me magoa...
Não
te demoras, vai! Deixa-me agora,
Que
o teu gorjeio me faz mal, porquanto
Nunca
se canta ao lado de quem chora...
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