Ingratidão
Raul de Leoni
Nunca mais me esqueci!... Eu era
criança
E, em meu velho quintal, ao
sol-nascente
Plantei com minha mão ingênua e
mansa,
Uma linda amendoeira adolescente.
Era a mais rútila e íntima
esperança...
Cresceu... cresceu... e, aos
poucos suavemente,
Pendeu os ramos sobre um muro em
frente
E foi frutificar na vizinhança...
Daí por diante, pela vida
inteira,
Todas as grandes árvores que em
minhas
Terras, num sonho esplêndido
semeio,
Como aquela magnífica amendoeira,
Eflorescem nas chácaras vizinhas
E vão dar frutos no pomar
alheio...
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