sexta-feira, 27 de maio de 2016

Acrobata da Dor - Cruz e Sousa

Acrobata da Dor
Cruz e Sousa

Gargalha, ri, num riso de tormento,
Como um palhaço que, desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.

De gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita guizos e, convulsionado,
Salta, gavroche, salta, “clown”, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas de aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri, Coração, tristíssimo palhaço!

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