terça-feira, 24 de maio de 2016

O Acendedor de Lampiões - Jorge de Lima

O Acendedor de Lampiões
Jorge de Lima

Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Esse mesmo que vem, invariavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua,
Quando a sombra da noite enegrece o poente.

Um, dois, três lampiões acende e continua
Outros mais a acender, imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita!
Ele, que doura a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religião, amor, felicidade,
Como esse acendedor de lampiões de rua!

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