O Acendedor de Lampiões
Jorge de Lima
Lá vem o acendedor de lampiões de
rua!
Esse mesmo que vem, invariavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à
lua,
Quando a sombra da noite enegrece
o poente.
Um, dois, três lampiões acende e
continua
Outros mais a acender,
imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos,
se acentua
E a palidez da lua apenas se
pressente.
Triste ironia atroz que o senso
humano irrita!
Ele, que doura a noite e ilumina
a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana
que habita.
Tanta gente também nos outros
insinua
Crenças, religião, amor,
felicidade,
Como esse acendedor de lampiões
de rua!
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