quarta-feira, 18 de maio de 2016

Anjo Enfermo - Afonso Celso

Anjo Enfermo
Afonso Celso

Geme no berço, enferma, a criancinha,
Que não fala, não anda e já padece...
Penas assim cruéis, por que as merece
Quem mal entrando na existência vinha?!

Ó melindroso ser, ó filha minha!
Se os céus ouvissem a paterna prece,
E a mim o teu sofrer passar pudesse,
- Gozo me fora a dor que te espezinha.

Como te aperta a angústia o frágil peito!
E Deus, que tudo vê, não t’a extermina,
Deus que é bom, Deus que é pai, Deus que é perfeito!

Sim, é pai, mas – a crença nô-lo ensina:
- Se viu morrer Jesus, quando homem feito,

Nunca teve uma filha pequenina.

Um comentário: