sábado, 7 de novembro de 2015

Marche aux Flambeaux – Cruz e Sousa (Parte 2)

Rompe na aurora o sol que a terra esbofeteia
com látegos de chama, iriando o pó e a areia,
iriando os vegetais de ricas pedrarias,
dos rubis e cristais das ourivesarias;
aurora acesa em cor de púrpura de cravos
opulentos, febris, ensanguinados, bravos;
de ritmos leves de harpa e frêmitos e beijos
que são da natureza os trêmulos arpejos;
aurora que sorri, que traz pomposamente
todo o raro esplendor da luz resplandecente,
das paisagens louçãs no fúlgido matiz
o aroma a derramar da meiga flor de liz.
Na alegria dos tons os pássaros cantando
vão as asas abrindo, entre os clarões ruflando,
asas emocionais, que assim dentre clarões
palpitam num fervor de alados corações.

E no luxo oriental de etéreo Grão-Mogol
como um Baco feliz rubro flameja o sol.

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