terça-feira, 4 de agosto de 2015

"Dom Quixote" - Miguel de Cervantes

      Os dois trechos a seguir pertencem ao clássico de Miguel de Cervantes Saavedra, “Dom Quixote”, edição do Círculo do Livro S.A., São Paulo, Volume II:

      “Sossegados todos e em silêncio, estavam esperando quem o havia de romper, e foi Dona Dolorida, com estas palavras:
      - Confiada estou, senhor poderosíssimo, formosíssima senhora e discretíssimos circunstantes, em que há de encontrar a minha augustíssima em vossos valorosíssimos peitos acolhimento não menos plácido do que generoso e doloroso, porque é tal, que basta para enternecer os mármores, abrandar os diamantes e amolecer os aços dos mais endurecidos corações deste mundo; mas, antes de sair para a praça dos vossos ouvidos, para não dizer orelhas, quisera que me fizessem saber se estão no grêmio desta companhia o acendratíssimo cavaleiro Dom Quixote de la Mancha e seu escudeiríssimo Pança.
      - O Pança aqui está – acudiu logo Sancho –, e Dom Quixotíssimo também, e podereis, portanto, doloríssima doníssima, dizer o que quiserdíssimos, porque todos estamos prontos e preparadíssimos para ser vossos servidoríssimos.”
      (Página 659)

      “Ó autor celebérrimo! ó ditoso Dom Quixote! famosa Dulcineia! gracioso Sancho Pança! vivais todos juntos, e cada um de per si, séculos infinitos, para gosto e universal passatempo dos viventes!”
      (Página 666)

QUIMERA

(Soneto de Marcos Nunes.)

“O bom passadio, o regalo, e o descanso inventaram-se para os cortesãos mimosos; mas o trabalho, o desassossego e as armas fizeram-se para aqueles que o mundo chama de cavaleiros andantes, dos quais eu, ainda que indigno, sou um, e o mínimo de todos.”
(“Dom Quixote”, Miguel de Cervantes.)

O Dom Quixote, cavaleiro andante,
desafiando o mundo com sua lança,
montado em seu cavalo Rocinante,
é o grande paladino da esperança.

Na região da Mancha, nessa andança,
da bela Dulcineia sendo amante,
no fiel escudeiro Sancho Pança
encontra forças para ir adiante.

Em suas aventuras, achacado
pelo labor insano da agonia,
jamais permite-se fugir ao fado.

O moinho de vento, em pleno dia,
transforma-se em gigante desalmado
na moenda sutil da fantasia...

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