NOSTALGIA DO CÉU
Venceslau de
Queirós
(1865-1921)
Ei-lo que sonha,
triste e só... Que estranho augúrio
A alma te agita, Arcanjo Negro?
Que magia,
Que sortilégio, à dura abóbada
sombria,
No Orco, te prende o chamejante
olhar sulfúreo?
Que encantamento cabalístico
assedia
Tua cabeça? Em que palácio, em
que tugúrio,
À evocação de Grande Mago, no
perjúrio
Presa ficou tua infernal figura
esguia?
Nada de mais... Lembra Satã a
imensa Queda
No boqueirão da Eterna Sombra que
lhe veda,
Eternamente, eternamente, ver os
céus...
Punge-o a saudade, a nostalgia, a
funda mágoa
De estar (Satã já tem os olhos
rasos d’água!)
Longe da Luz, longe do Azul,
longe de Deus!
(“Panorama do Movimento Simbolista
Brasileiro”, Andrade Muricy,
MEC-INL, 2ª edição, Volume I, Brasília,
1973,
Coleção de Literatura Brasileira, 12, página
281.)
Série "Diabolus In Versus".
Nenhum comentário:
Postar um comentário