segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Hino a Pã - Aleister Crowley - Tradução literal

HINO  A  PÃ

 De Mestre Therion (Aleister Crowley)
Tradução literal de Helena Barbas
(Socióloga portuguesa)

Arrebata-te com a luxúria ágil da luz
Oh homem, meu homem
Vem a correr saindo da noite
De Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan! Vem sobre o mar
Da Sicília e da Arcádia!
Errando como Baco, com faunos e leopardos
E ninfas e sátiros por teus guardas,
Sobre um burro branco de leite, vem sobre o mar
Até mim, até mim,
Vem com Apolo em vestes nupciais
(Pastora e Pitonisa)
Vem com Artemísia, calçado de seda,
E lava a tua coxa branca, belo Deus,
À lua dos bosques, no monte de mármore,
A aurora com covinhas da fonte de ambar!
Mergulha a púrpura da oração apaixonada
No sacrário carmesim, na rede/armadilha escarlate,
A alma que se surpreende em olhos de azul
Para observar a tua impudicícia a lacrimejar através
Da mata emaranhada, do nodoso caule
Da árvore viva que é o espírito e a alma
E o corpo e o cérebro – vem sobre o mar,
(Io Pan!, Io Pan!)
Diabo ou deus, até mim, até mim,
Meu homem! meu homem!
Vem com trombetas troando agudas
Sobre o monte!
Vem com tambores murmurando baixinho
Da nascente!
Vem com flauta e vem com avenas!
Não estou eu maduro?
Eu, que espero e me retorço e luto
Com o ar sem ramos para aconchegarem
O meu corpo, cansado de abraço vazio,
Forte como um leão e afiado como uma áspide –
Vem, Oh vem!
Estou entorpecido
Com a solitária luxúria da servidão demoníaca
Espeta a espada pelos ulcerantes grilhões,
Devorador de tudo, gerador de tudo;
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E o penhor erecto da coxa espinhosa
E a palavra da loucura e do mistério,
Oh Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! Pan Pan! Pan,
Eu sou um homem:
Faz como quiseres, como o pode um grande deus,
Oh Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! Estou acordado
Nas garras da serpente.
A águia retalha com o bico e as garras;
Os deuses retiram-se:
Chegam as grandes feras, Io Pan! Eu nasci
Para a morte no corno
Do Unicórnio.
Eu sou Pan! Io Pan! Io Pan Pan! Pan!
Sou teu companheiro, sou o teu homem,
Bode do teu rebanho, sou ouro, sou deus,
Carne do teu osso, flor da tua vara.
Com cascos de aço corro sobre as rochas
Pelo solstício teimoso até ao equinócio.
E deliro; e violo e rasgo e fendo
Sempiterno, mundo sem fim,
Manequim, donzela, Ménade, homem,
No poder de Pan.
Io Pan! Io Pan Pan! Pan! Io Pan!

(Série "Diabolu In Versus".)



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