HINO A PÃ
De Mestre Therion (Aleister Crowley)
Tradução literal de Helena Barbas
(Socióloga portuguesa)
Arrebata-te
com a luxúria ágil da luz
Oh
homem, meu homem
Vem
a correr saindo da noite
De
Pan! Io Pan!
Io
Pan! Io Pan! Vem sobre o mar
Da
Sicília e da Arcádia!
Errando
como Baco, com faunos e leopardos
E
ninfas e sátiros por teus guardas,
Sobre
um burro branco de leite, vem sobre o mar
Até
mim, até mim,
Vem
com Apolo em vestes nupciais
(Pastora
e Pitonisa)
Vem
com Artemísia, calçado de seda,
E
lava a tua coxa branca, belo Deus,
À
lua dos bosques, no monte de mármore,
A
aurora com covinhas da fonte de ambar!
Mergulha
a púrpura da oração apaixonada
No
sacrário carmesim, na rede/armadilha escarlate,
A
alma que se surpreende em olhos de azul
Para
observar a tua impudicícia a lacrimejar através
Da
mata emaranhada, do nodoso caule
Da
árvore viva que é o espírito e a alma
E
o corpo e o cérebro – vem sobre o mar,
(Io
Pan!, Io Pan!)
Diabo
ou deus, até mim, até mim,
Meu
homem! meu homem!
Vem
com trombetas troando agudas
Sobre
o monte!
Vem
com tambores murmurando baixinho
Da
nascente!
Vem
com flauta e vem com avenas!
Não
estou eu maduro?
Eu,
que espero e me retorço e luto
Com
o ar sem ramos para aconchegarem
O
meu corpo, cansado de abraço vazio,
Forte
como um leão e afiado como uma áspide –
Vem,
Oh vem!
Estou
entorpecido
Com
a solitária luxúria da servidão demoníaca
Espeta
a espada pelos ulcerantes grilhões,
Devorador
de tudo, gerador de tudo;
Dá-me
o sinal do Olho Aberto,
E
o penhor erecto da coxa espinhosa
E
a palavra da loucura e do mistério,
Oh Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! Pan Pan! Pan,
Eu
sou um homem:
Faz
como quiseres, como o pode um grande deus,
Oh Pan! Io Pan!
Io Pan! Io Pan Pan! Estou acordado
Nas
garras da serpente.
A
águia retalha com o bico e as garras;
Os
deuses retiram-se:
Chegam
as grandes feras, Io Pan! Eu nasci
Para
a morte no corno
Do
Unicórnio.
Eu
sou Pan! Io Pan! Io Pan Pan! Pan!
Sou
teu companheiro, sou o teu homem,
Bode
do teu rebanho, sou ouro, sou deus,
Carne
do teu osso, flor da tua vara.
Com
cascos de aço corro sobre as rochas
Pelo
solstício teimoso até ao equinócio.
E
deliro; e violo e rasgo e fendo
Sempiterno,
mundo sem fim,
Manequim,
donzela, Ménade, homem,
No
poder de Pan.
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