MAJESTADE CAÍDA
Cruz e Sousa
Esse cornóide deus funambulesco
Em torno ao qual as Potestades rugem,
Lembra os trovões, que tétricos estrugem,
No riso alvar de truão carnavalesco.
De ironias o momo picaresco
Abre-lhe a boca e uns dentes de ferrugem,
Verdes gengivas de ácida salsugem
Mostra e parece um Sátiro dantesco.
Mas ninguém nota as cóleras horríveis,
Os chascos, os sarcasmos impassíveis
Dessa estranha e tremenda Majestade.
Do torvo deus hediondo, atroz, nefando,
Senil, que embora rindo, está chorando
Os Noivados em flor da Mocidade!
(“Cruz e Sousa – Obra Completa”, Editora
Nova Aguilar S.A.,
Organização de Andrade Murici, Atualização e
Notas de Alexei Bueno,
Rio de Janeiro, 2000, páginas 92-93.)
Série "Diabolu In Versus".
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