domingo, 5 de julho de 2015

Pudica - Medeiros e Albuquerque

PUDICA

Medeiros e Albuquerque
(1867-1934)

Nua. Lambendo-lhe a epiderme lisa
por sob a qual o sangue tumultua,
caiu-lhe aos pés, em flocos, a camisa,
deixando-a nua... inteiramente nua...

O pé, que a alvura do banheiro pisa
mal os dedinhos róseos insinua
na água, que em largos círculos se frisa,
logo, fugindo lépido, recua...

Passa por todo o corpo um arrepio,
duros e brancos, hirtam-se de frio
seus dois peitinhos. Tímida, medrosa,

corre a mão sobre o ventre torneado...
Nisto, lembrando, acaso, o namorado,
toda se tinge de um rubor de rosa...


(“Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou”, J. G. de Araújo Jorge, Volume I, Casa Editora Vecchi Ltda., Rio de Janeiro, 3ª edição, página 281.)

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