PUDICA
Medeiros e Albuquerque
(1867-1934)
Nua.
Lambendo-lhe a epiderme lisa
por
sob a qual o sangue tumultua,
caiu-lhe
aos pés, em flocos, a camisa,
deixando-a
nua... inteiramente nua...
O
pé, que a alvura do banheiro pisa
mal
os dedinhos róseos insinua
na
água, que em largos círculos se frisa,
logo,
fugindo lépido, recua...
Passa
por todo o corpo um arrepio,
duros
e brancos, hirtam-se de frio
seus
dois peitinhos. Tímida, medrosa,
corre
a mão sobre o ventre torneado...
Nisto,
lembrando, acaso, o namorado,
toda
se tinge de um rubor de rosa...
(“Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou”, J. G. de
Araújo Jorge, Volume I, Casa Editora Vecchi Ltda., Rio de Janeiro, 3ª edição,
página 281.)
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