SERENATA
A UMA PRETENSIOSA
Joaquim
de Barros - Poeta Português - 1945
Não
procures subir alto
Modera
as tuas canseiras
Há
muitas vezes beleza
Mesmo
nas ervas rasteiras.
Nas
tuas unhas condiz
Teu
modo de ostentação
Por
fora sobra verniz
Por
dentro falta sabão.
Nem
sempre uma linda cara
Traduz
encanto no mundo
Há
mil fontes de água clara
Cheias
de lodo no fundo.
Há
uma trova de Belmiro Braga semelhante à última quadra acima. Após uma
infrutífera pesquisa na internet, não me foi possível saber quem foi o primeiro
a criar a bela imagem. Ambos os poetas são secundários e desconhecidos.
A
alma de muita gente
é
como um rio profundo:
a
face tão transparente,
mas
quanto lodo no fundo.
Descobri
outra trova, de Renato Travassos (Juiz de Fora, 1897 – Rio de Janeiro, 1960), a
qual se encontra no livro “Cancioneiro”, Rio de Janeiro, 1977.
A
alma humana, de incoerente,
É
como o lago profundo,
Que,
quanto mais transparente,
Mais
lama contém no fundo.
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