sexta-feira, 31 de julho de 2015

Serenata a uma Pretensiosa - Joaquim de Barros

SERENATA A UMA PRETENSIOSA
Joaquim de Barros - Poeta Português - 1945

Não procures subir alto
Modera as tuas canseiras
Há muitas vezes beleza
Mesmo nas ervas rasteiras.

Nas tuas unhas condiz
Teu modo de ostentação
Por fora sobra verniz
Por dentro falta sabão.

Nem sempre uma linda cara
Traduz encanto no mundo
Há mil fontes de água clara
Cheias de lodo no fundo.


Há uma trova de Belmiro Braga semelhante à última quadra acima. Após uma infrutífera pesquisa na internet, não me foi possível saber quem foi o primeiro a criar a bela imagem. Ambos os poetas são secundários e desconhecidos.

A alma de muita gente
é como um rio profundo:
a face tão transparente,
mas quanto lodo no fundo.

Descobri outra trova, de Renato Travassos (Juiz de Fora, 1897 – Rio de Janeiro, 1960), a qual se encontra no livro “Cancioneiro”, Rio de Janeiro, 1977.

A alma humana, de incoerente,
É como o lago profundo,
Que, quanto mais transparente,

Mais lama contém no fundo.

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