terça-feira, 1 de setembro de 2015

Satã - Maranhão Sobrinho

SATà

Maranhão Sobrinho
(1879-1915)

Nas margens de cristal do Danúbio do sonho,
cromadas de rubis, de pérolas purpúreas,
vê-se o imenso solar sonolento e medonho
do dragão infernal das Princesas espúrias...

Guarda o nobre portal de alabastro tristonho
desse antigo solar, de malditas luxúrias,
em que fulge o brasão heráldico do sonho,
não sei quantas legiões de duendes e fúrias!

Sobre o mármore azul das colunas austeras,
que, em noivados de luz, o luar engrinalda,
brilha o vivo cristal de alígeras quimeras...

Velam desse dragão o oriental tesoiro,
sobre um trono de rei, de maciça esmeralda,
dois soberbos leões, de grandes patas de oiro...

(“Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro”, Andrade Muricy,
MEC-INL, 2ª edição, Volume II, Brasília, 1973,
Coleção de Literatura Brasileira, 12, páginas 780-781.)


Série "Diabolu In Versus".

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