domingo, 24 de janeiro de 2016

Cordel – Roberto Medeiros (Parte 3)

Um  Caudilho  Bigorrilho
(Leonel Brizola)

Estando desocupado
O maldito Satanás,
Preparou um ensopado
Com tempero de água-raz.
- Colocou numa caldeira
Vinho, vinagre, aguardentes,
Chimarrão de feiticeira
E os seguintes ingredientes:

Soda-cáustica, abrasivo,
Sulfato de estricnina,
Suor de nêgo cativo,
Baba de sapo, morfina.
Colocou grampos e tachas,
Sal grosso, urtiga e urutu,
Caldo de lenço e bombachas,
Apetite de urubu.
Rabujos de dez cachorros,
Vil-metal da Fenemê,
Pedido de mil socorros,
“Pelegos” do P.D.T.
E pôs a nata no lixo,
Um coquetel de morrinha
Nos altos-fornos do “bicho”
Que se mexe em “escadinha”.
Cera mofada de orelha,
Fedor que da cuca emerge,
Cieps e Linha Vermelha,
“Fundos” sujos do Banerj,
Enxurradas de besteira,
Saliva que vem e vai,
Latifúndios sem fronteira,
Operação “Ouroguai”.

E tudo isso, efervescente,
Num remexido de merda,
Tomou a forma de gente,
Com as feições de quem herda.

Satanás, achando pouco,
Pôs na cabeça do louco
Lombriga e caraminhola...
E, ao soltá-lo pelo mundo,
Batizou o vagabundo:
- LEONEL DE MOURA BRIZOLA.

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