quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Cordel – Roberto Medeiros (Parte 7)

 “Quércia  vem  aí...”  (Pra  quê?!)
(Orestes Quércia)

Porraloucando em Campinas,
Já bem chegado a propinas,
Uma cigana, mocréia,
Lhe disse: - Vá, vá Orestes
(Peste maior, dentre as pestes)
Poluir a Paulicéia.

E lhe deu esta receita,
Num tacho de cobre feita,
Assim como o diabo gosta:
- Urina de vaca prenha,
Leite da primeira ordenha,
Bolachas verdes de bosta.

Um olho caolho de sapo,
Latex de genipapo,
Pirilau de lagartixa,
Poeira de quintal vadio,
Gosma de cabra no cio
E menstruação de uma bicha.

Mais ervas propiciatórias,
Vasilinas e chicórias,
Cuspe e jeito, graxa, ungüentos...
Estrovenga sete-léguas,
Inhanhas acesas de éguas,
Sapremadas por jumentos.

Caldo amargo de jiló,
Pinga-brava de forró,
Gororoba de chiqueiro,
Um naco de queijo azedo,
“As verdinhas” do Canhedo
E esterco de galinheiro.

Com essa receita “àviada”
Só vai fazendo cagada
Nos desvãos de sua vida...
Qual andrógino Sanhaço,
Desmunheca, passo a passo,
Numa volúpia incontida.

Sem escrúpulos, sem freios
Esse peão de rodeios,
O “Cow-boy” dos vigaristas,
Quando pode, gargareja
Sua moda sertaneja
Nos vilarejos paulistas.

Esse matuto, capiau,
De enorme cara-de-pau
Toda esculpida a machado...
Na mentira, não se afoba,
Usa óleo de peroba
Quando é desmascarado.

Paraplégico mental,
Indigente cultural,
Munheca-mole, sem força...
E se o seu forte é a inércia
“Abichesque” Orestes Quércia,
Vá ser marido de corça.

Achaques por todo o lado,
Trombadinhas no Mercado,
Procheneta de Motel...
Quanta sujeira na raia!
- Na Vasp, maracutaia
E os trambiques de Israel.

E pleno de atos bandalhos,
Com a moral em frangalhos,
Na maior inconseqüência,
Quer, porque quer, a bichona,
Como se aqui fosse zona,
Gigolar a Presidência.

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