quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Trovas Inéditas - Roberto Medeiros (Parte 2)

Trovas Inéditas
Roberto Medeiros
(Juiz de Fora - MG

É tão grande o seu amor
e a sua bondade é tanta
que, Mamãe, chego a supor
que Deus a fez uma Santa.

A boa pinga sublima,
num arco-íris de emoção...
- Quando a bebo prendo a rima
e liberto o coração.

Nosso amor, ora rompido,
deixou-me, assim, neste estado:
- Triste, por tê-la perdido;
alegre, por ter me achado.

Teus carinhos são espelhos
refletindo inquietação:
- São os glóbulos vermelhos
de minha circulação.

Envolto neste mistério,
fico, assim, me perguntando
se brincas, falando sério,
ou falas sério, brincando...

Tal qual fiandeira-mestra
a fantasia, em serão,
faz regime de “hora extra”
na minha imaginação.

Nos leilões e nas quermesses
das festas de nossa aldeia,
apesar de minhas preces,
foste prenda em mão alheia!

Jamais me peça, querida,
seja qual for a razão,
que abandone uma partida
cujo prêmio é o coração!

Teus carinhos são esbulhos
de pequenas coisas tolas:
- São como os meigos arrulhos
de um casal de pombas-rolas!

Ao sonhar com teus agrados,
acordei sem teus carinhos:
“cabelos esbugalhados
e os olhos em desalinhos”...

Do teu beijo estou saudoso,
em que pesem meus ressábios,
porque sei que o mais gostoso
sempre fica nos teus lábios.

Suporto com altivez
os revezes da partida:
- Somos peças de Xadrez
no tabuleiro da vida.

Para ver-te a tudo agarro,
não tem hora nem distância...
Vou a pé, de bonde ou carro,
e até mesmo de ambulância...

Teus carinhos, invernadas
de beijos, em torvelinho,
são estouros de boiadas
numa curva de caminho!

Fantasia, qual espuma,
ao sopro do coração,
vai espocando, uma a uma,
como bolha de sabão.

Não chores, Mãe, se em teu peito
não posso mais me abrigar:
- O rio deixa o seu leito
e cai nos braços do mar.

Um bebedor pouco esperto,
da vida não sabe nada:
freqüenta o boteco certo,
mas bebe a cachaça errada.

Esta neblina, aos pouquinhos,
fez-me triste como o dia...
Vem, amor, com teus carinhos

aquecer minha alma fria...

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