sábado, 30 de janeiro de 2016

Cordel – Roberto Medeiros (Parte 9)

Vade  retro,  Paulipetro
(Paulo Maluf)

Pelas urnas decomposto
Por vezes consecutivas,
Só restou-lhe, a contra-gosto,
Ver outras alternativas...
Traindo todo o seu “clero”
Recorreu a Belzebu,
Que lhe foi muito sincero:
- Ó meu Brutus, até tu?!
Cara-de-pau, mesmo assim,
O Bundão pediu “arrego”:
- Bruxo, prepare pra mim
Um banho de descarrego!...
- Tá bem, vá lá, toma nota
Da receita e com requinte,
“Sexta-feira treze”, bota
Numa banheira o seguinte:

- Sangue de fratura exposta,
Cacos quebrados de louça,
Uma jamanta de bosta
E dois peidinhos de moça.
Naco de queijo Palmira,
Um saquinho de gambá,
Piolho de pomba-gira
E baba de Ali-Babá.
Uma piranha sem mácula,
Setenta conchas de esgoto,
Um dente de Conde Drácula,
Respingos de perdigoto,
Guisado de alho e repolho,
Um tonel de sal-de-fruta,
Cheiro de bode roncolho,
Um beijo falso de puta.
Língua seca de quem bufa,
Inseticida de “spray”,
Unha de velho mucufa
E o bigode do Sarney.
Uma colher de gordura,
Pena preta de tiziu,
Bundinhas de tanajura,
Um extrato de xibiu,
Gosma de vômito abrupto,
Uma caixa de Jontex,
Guela de rato corrupto,
Duas folhas de Eucatex,
Fumo-de-rolo, um só metro,
“Aquele” cheiro de gás,
Dez ações da Paulipetro
E um chulé de Vulcabrás.

Depois do banho, a capricho,
Satanás, muito na dele,
Viu que o Homem virou Bicho
Bem mais horrendo do que ele.
E viu que o Bicho, sem base,
Trocou a mão pela pata
Quando cuspiu essa frase:
“Só estupra, mas não mata”.

Disse, então, o Satanás:
Com esse cara jamais
Eu me meto em lufa-lufa...
E do alto de seus temores,
Preveniu aos eleitores:
- QUEM MALUFA, O RABO ESTUFA.

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