(À Santa Tereza)
Reza de manso... Toda de roxo,
A vista no teto presa,
Como que imita a tristeza
Daquele círio trêmulo e frouxo...
E assim, mostrando todo o
desgosto
Que sobre sua alma pesa,
Ela reza, reza, reza,
As mãos erguidas, pálido o
rosto...
O rosto pálido, as mãos erguidas,
O olhar choroso e profundo...
Parece estar no Outro-Mundo
De outros mistérios e de outras
vidas...
Implora a Cristo, seu Casto
Esposo,
Numa prece ou num transporte,
O termo final da Morte,
Para descanso, para repouso...
Salmos doridos, cantos aéreos,
Melodiosos gorjeios
Roçam-lhe os ouvidos, cheios
De misticismos e de mistérios...
Reza de manso, reza de manso,
Implorando ao Casto Esposo
A morte, para repouso,
Para sossego, para descanso
D´alma e do corpo que se
consomem,
Num desânimo profundo,
Ante as misérias do Mundo,
Antes as misérias tão baixas do
Homem!
Quanta tristeza, quanto desgosto,
Mostra na alma aberta e franca,
Quando fica, branca, branca,
As mãos erguidas, pálido o
rosto...
O rosto pálido, as mãos erguidas,
O olhar choroso e profundo,
Parece estar no Outro-Mundo
De outros mistérios e de outras
vidas...
(Mármores, 1895.)
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