quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Essa Grande Angústia - Swami Vivekananda

Se nós pensássemos mais
na grande angústia das multidões
andrajosas, tristes e famintas, e
ingeríssemos menos uísque
e vinhos caros das adegas centenárias;
se nós pensássemos no leite
de que as crianças pobres necessitam;
se nós promovêssemos menos festas
nas vivendas iluminadas
onde residem o luxo e a falsidade
dos gestos, dos risos e dos olhares;
se nós pensássemos mais no choro e nas
dores das parturientes
a estrebucharem nas choças infectas
onde se não vê um só vestígio
da medicina e do cristianismo;
se nós, antes de irmos às praias,
aos passeios, às aventuras eróticas,
visitássemos as vilas, os povoados,
as ruas silenciosas, os bairros tristes,
as avenidas desumanas, as praças escuras,
e déssemos apenas parte das fortunas
perdulariamente gastas, atiradas, jogadas,
perdidas nas boates de luxo
ou nos bordéis de ínfima categoria;
se nós sentíssemos a mágoa sem fim
dos que se diluem nos nosocômios,
e se prostituem por causa da miséria e da fome;
dos que se decompõem nas celas psiquiátricas,
dos que morrem à míngua nas masmorras profundas,
dos que se corrompem nas casas do vício;
se nós entendêssemos que é CRIME
deseducar com nosso comodismo a juventude
de todos os quadrantes,
e deixá-la que permaneça estupidamente
desorientada neste mundo mal governado,
a pedir escolas e a receber pauladas,
a pedir conhecimentos e a receber insultos,
a pedir caminhos certos
e a receber roteiros para o abismo,
a pedir livros e a receber coronhadas,
a pedir saúde e a receber psicotrópicos,
a pedir música e a receber barulhos,
a pedir carinho e compreensão
e a receber desprezo e injustiça;

Se nós soubéssemos que Deus está presente
a todos os atos humanos
e a tudo que existe no Universo;
se observássemos e sentíssemos que a Natureza
é um imenso Evangelho de bondade e alegria,
de otimismo santo e de trabalho santo,
de amor, carinho, justiça, confraternização,
felicidade, religião, espiritualidade...

Se nós vivêssemos em cada mendigo,
em cada operário, em cada meretriz,
em cada sacerdote, em cada cientista,
em cada empresário, em cada artista,
se nós vivêssemos, enfim, em cada homem,
em cada mulher, em cada criança
de quaisquer origem ou posição social
um IRMÃO, um verdadeiro IRMÃO,
essa grande angústia que avassala o mundo
e perturba a paz humana
em todos os Continentes,
então começaria a reinar
a Grande Paz do trabalho e da Fraternidade
tão sonhada pelos VERDADEIROS HOMENS!

(Boletim “Nave”, nº 11, Outubro de 1980 Niterói-RJ, editado por Regina Sylvia Costa Dutra da Silva, Página 1.)

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