Ó Musa, cujo olhar de pedra, que
não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as
lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em
liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o
Impassível mora.
Leva-me longe, ó Musa impassível
e branca!
Longe, acima do mundo, imensidade
em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo
da aurora,
O áureo plaustro do sol nas
nuvens solavanca.
Transporta-me, de vez, numa ascensão
ardente,
À deliciosa paz dos
Olímpicos-Lares,
Onde os deuses pagãos vivem
eternamente,
E onde, num longo olhar, eu possa
ver contigo,
Passarem, através das brumas
seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande
mundo antigo.
(Mármores, 1895.)
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