Musa! um gesto sequer de dor ou
de sincero
Luto jamais te afeie o cândido
semblante!
Diante de Jó, conserva o mesmo
orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e
sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a
lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico
descante.
Celebra ora um fantasma
anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um
guerreiro de Homero.
Dá-me o hemistíquio d ouro, a
imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia
crebra,
Cante aos ouvidos d alma; a
estrofe limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus
bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau
que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores
partidos.
(Mármores, 1895.)
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