Simbolismo das Cores
Colatino Barroso
(Poeta simbolista.)
BRANCO – a paz – a alma dos iluminados e
dos eleitos – o espaço – página vazia do livro dos séculos, onde medeia a traça
que o Deus Mito adornou com o nome pomposo de homem – papirus que se corrompe
sem a mácula do traço negro de um hieróglifo.
VERMELHO – flâmula de guerra – coloração
das rosas quente e sensual – frêmito de beijos – requintado essencialismo de um
veneno sutil, que o filtro de uma boca de muito estilo – lágrimas dos
torturados na volúpia inflada, dos eternamente vencidos, o pranto de Magdala.
AZUL – o céu – olhar da mulher que se ama
– poema de Infinito, que o Sol canta numa orquestração de cristais bimbalhantes
apoteose da Glória.
VERDE – a esperança – esponsais da
primavera – enorme sudário, em que a Terra envolve o cineral de todas as
ilusões cadáveres de Sonhos.
AMARELO – ouro – ruído do prazer para
encobrir a mágoa – rosada do Sol – gargalhada estrepidante da Luz.
ROSA – arrebol do Futuro – névoa do
sonho.
ROXO – saudade – lágrima silente e triste
das monjas, das que morreram para o Amor.
OPALA – céu e o mar – dois firmamentos
num só, a refletir as estrelas, que são as pérolas do céu.
VIOLÁCEA – a harmonia da cor.
NEGRO – boca escancarada de sarcófago –
luz extinto – treva apavorante – olhar apagado de esfinge – a desesperado gozo
nunca satisfeito.
CINZA – coração vazio – o de todos nós,
torturados da Forma, torturados do Ideal, que vivemos a salmodiar os versículos
do Evangelho de Lágrimas, a palmilhar, os pés abertos em sangue. A Via Dolorosa
do Sofrimento e da Mágoa.
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