quinta-feira, 22 de outubro de 2015

À Meretriz - Patativa do Assaré

      À MERETRIZ

Se alguém te chama de perdida e louca
Não acredites, pois não é verdade,
Há quem procure cheio de ansiedade
A graça e o riso que tu tens na boca.

Foste menina, já usaste touca,
Foste donzela, tinhas virgindade,
Tudo é fugaz e tudo é brevidade
De qualquer forma, a nossa vida é pouca.

Nunca lamentes teu viver de puta,
Entre os pomares tu também és fruta,
Alguém te estima e com fervor te quer.

No chão, na cama ou dentro de uma rede
Tu és a fonte de matar a sede
Do desgraçado que não tem mulher.

(“Patativa do Assaré – Melhores Poemas”, seleção de Cláudio Portella, Global Editora e Distribuidora Ltda., São Paulo 2006, Página 176.)

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