SEGUNDO SONETO SÁDICO
Nos “120 dias de Sodoma”
o Mestre prioriza a merda pura,
que consta do menu como mistura,
e sempre há no banquete quem a coma.
A merda é náusea em cor, sabor, aroma.
Comê-la é só um requinte de tortura
que põe papas e reis de pica dura
enquanto o povo a prova em França ou
Roma.
Na época, o Brasil, colonizado,
pagava a Portugal todo seu ouro
e, em troca, o Alferes era esquartejado.
No século atual, quem lambe o couro
é o cego, num sapato já mijado
e sujo até de letras do tesouro...”
(“Centopeia – Sonetos
Nojentos & Quejandos”, Glauco Mattoso, Edições Ciência do Acidente, São
Paulo, 1999, Soneto Nº 2.105”)
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