sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Segundo Soneto Sádico - Glauco Mattoso

      SEGUNDO SONETO SÁDICO

      Nos “120 dias de Sodoma”
      o Mestre prioriza a merda pura,
      que consta do menu como mistura,
      e sempre há no banquete quem a coma.

      A merda é náusea em cor, sabor, aroma.
      Comê-la é só um requinte de tortura
      que põe papas e reis de pica dura
      enquanto o povo a prova em França ou Roma.

      Na época, o Brasil, colonizado,
      pagava a Portugal todo seu ouro
      e, em troca, o Alferes era esquartejado.

      No século atual, quem lambe o couro
      é o cego, num sapato já mijado
      e sujo até de letras do tesouro...”

(“Centopeia – Sonetos Nojentos & Quejandos”, Glauco Mattoso, Edições Ciência do Acidente, São Paulo, 1999, Soneto Nº 2.105”)

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